01 set O suicídio entre médicos é uma realidade grave e silenciosa
Artigo 4 min. de leitura
Vamos direto ao ponto: suicídio entre médicos é um problema real, grave e silenciado.
Silenciado porque existe medo — de julgamento, de perda de credibilidade, de não ser mais “confiável”.
Silenciado porque aprendemos, desde cedo, a cuidar dos outros, mesmo que isso nos custe o próprio cuidado.
Mas a verdade é dura. E precisa ser dita: médicos estão morrendo. E muitos estão sofrendo em silêncio.
A magnitude do problema
Nos Estados Unidos, entre 300 e 400 médicos morrem por suicídio todos os anos. Isso representa mais que o dobro da média nacional por faixa etária e perfil demográfico.
No Brasil, a estimativa é ainda mais alarmante: 43 mortes por suicídio a cada 100 mil médicos ou estudantes de medicina, contra 12,5 na população geral.
Entre as mulheres médicas, o risco é de 76% a 90% maior do que o da população feminina em geral. Entre os homens médicos, o risco também é significativamente elevado.
Essa não é só uma questão de saúde pública. É um grito de socorro dentro da própria classe médica.
A saúde mental dos médicos está em colapso
Em 2022, 1 em cada 10 médicos americanos relatou ter pensado em suicídio no último ano. Alguns tentaram. Alguns conseguiram ajuda. Outros, não.
No Brasil, os números assustam:
- 69,4% dos médicos já apresentaram sintomas de depressão em algum momento da carreira
- 26,8% têm diagnóstico ativo de transtorno depressivo
- 23,4% têm sintomas importantes, mas não fazem acompanhamento
Se esses dados viessem de pacientes, estaríamos em alerta máximo. Mas quando o problema é com o médico, parece que a sirene não toca.
Fatores de risco que a gente conhece — mas não encara
A sobrecarga de trabalho, a jornada exaustiva, os plantões intermináveis, a pressão por produtividade, o medo de errar, a exigência de performance constante. Tudo isso somado a uma cultura profissional que desvaloriza o cuidado com a saúde mental.
A lógica é cruel: ou você dá conta, ou você “falhou”. E o resultado é devastador.
- 17% dos médicos já relataram ideação suicida
- 1% chegaram a tentar
E muitos mais seguem funcionando, atendendo, operando, prescrevendo — enquanto vivem um sofrimento silencioso, profundo e solitário.
O maior obstáculo: o silêncio
Entre as principais barreiras para buscar ajuda estão o estigma, o medo de ser julgado, a vergonha e, principalmente, o receio de perder o registro profissional ou a confiança dos colegas.
Essa cultura punitiva e perfeccionista está nos destruindo.
O que podemos — e precisamos — fazer
Esse assunto não pode mais ser varrido para debaixo do tapete da resiliência. É urgente criar políticas institucionais de cuidado, oferecer suporte psicológico estruturado, garantir ambientes seguros para conversar sobre saúde mental sem medo de represálias.
Falar sobre isso salva vidas
Precisamos normalizar o sofrimento psíquico, valorizar o autocuidado, e lembrar, todos os dias, que médico também é humano.
De médica (o) pra médica (o): você não está sozinha (o)
Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. E você merece o mesmo carinho, atenção e seriedade que dedica aos seus pacientes.
Se você está em sofrimento, fale com um profissional.
Converse com alguém. Peça ajuda. Quebre o silêncio.
Referências:
ACEP – American College of Emergency Physicians. Physician Suicide. Disponível em: https://www.acep.org/life-as-a-physician/wellness/wellness/wellness-week-articles/physician-suicide/. Acesso em: 27 ago. 2025. ACEP
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PALHARES‑ALVES, H. N. et al. Suicide among physicians in the state of São Paulo, Brazil, across one decade (2000‑2009). Revista Brasileira de Psiquiatria, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/SZNLDR9CgcsvfCs8jhZBNpx/?lang=en. Acesso em: 27 ago. 2025. SciELO
ZIMMERMANN, C. et al. Suicide rates among physicians compared with the general population. BMJ, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11337323/. Acesso em: 27 ago. 2025. PMC
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