O suicídio entre médicos é uma realidade grave e silenciosa

O suicídio entre médicos é uma realidade grave e silenciosa

Artigo 4 min. de leitura

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Vamos direto ao ponto: suicídio entre médicos é um problema real, grave e silenciado.

Silenciado porque existe medo — de julgamento, de perda de credibilidade, de não ser mais “confiável”.

Silenciado porque aprendemos, desde cedo, a cuidar dos outros, mesmo que isso nos custe o próprio cuidado.

Mas a verdade é dura. E precisa ser dita: médicos estão morrendo. E muitos estão sofrendo em silêncio.

A magnitude do problema

Nos Estados Unidos, entre 300 e 400 médicos morrem por suicídio todos os anos. Isso representa mais que o dobro da média nacional por faixa etária e perfil demográfico.

No Brasil, a estimativa é ainda mais alarmante: 43 mortes por suicídio a cada 100 mil médicos ou estudantes de medicina, contra 12,5 na população geral.

Entre as mulheres médicas, o risco é de 76% a 90% maior do que o da população feminina em geral. Entre os homens médicos, o risco também é significativamente elevado.

Essa não é só uma questão de saúde pública. É um grito de socorro dentro da própria classe médica.

A saúde mental dos médicos está em colapso

Em 2022, 1 em cada 10 médicos americanos relatou ter pensado em suicídio no último ano. Alguns tentaram. Alguns conseguiram ajuda. Outros, não.

No Brasil, os números assustam:

  • 69,4% dos médicos já apresentaram sintomas de depressão em algum momento da carreira
  • 26,8% têm diagnóstico ativo de transtorno depressivo
  • 23,4% têm sintomas importantes, mas não fazem acompanhamento
    Se esses dados viessem de pacientes, estaríamos em alerta máximo.
    Mas quando o problema é com o médico, parece que a sirene não toca.

Fatores de risco que a gente conhece — mas não encara

A sobrecarga de trabalho, a jornada exaustiva, os plantões intermináveis, a pressão por produtividade, o medo de errar, a exigência de performance constante. Tudo isso somado a uma cultura profissional que desvaloriza o cuidado com a saúde mental.

A lógica é cruel: ou você dá conta, ou você “falhou”. E o resultado é devastador.

  • 17% dos médicos já relataram ideação suicida
  • 1% chegaram a tentar


E muitos mais seguem funcionando, atendendo, operando, prescrevendo — enquanto vivem um sofrimento silencioso, profundo e solitário.

O maior obstáculo: o silêncio

Entre as principais barreiras para buscar ajuda estão o estigma, o medo de ser julgado, a vergonha e, principalmente, o receio de perder o registro profissional ou a confiança dos colegas.

Essa cultura punitiva e perfeccionista está nos destruindo.

O que podemos — e precisamos — fazer

Esse assunto não pode mais ser varrido para debaixo do tapete da resiliência. É urgente criar políticas institucionais de cuidado, oferecer suporte psicológico estruturado, garantir ambientes seguros para conversar sobre saúde mental sem medo de represálias.

Falar sobre isso salva vidas

Precisamos normalizar o sofrimento psíquico, valorizar o autocuidado, e lembrar, todos os dias, que médico também é humano.

De médica (o) pra médica (o): você não está sozinha (o)

Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. E você merece o mesmo carinho, atenção e seriedade que dedica aos seus pacientes.

Se você está em sofrimento, fale com um profissional.
Converse com alguém. Peça ajuda. Quebre o silêncio.

Referências:

ACEP – American College of Emergency Physicians. Physician Suicide. Disponível em: https://www.acep.org/life-as-a-physician/wellness/wellness/wellness-week-articles/physician-suicide/. Acesso em: 27 ago. 2025. ACEP

DUTHEIL, F. et al. Suicide among physicians and health-care workers: meta-analysis of observational studies. PLOS ONE, v. 14, n. 12, 2019. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6907772/. Acesso em: 27 ago. 2025. PMC

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MOREIRA, W. C. A. et al. Quality of life of physicians in the state of Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 2022. Disponível em: https://www.rbmt.org.br/details/1699. Acesso em: 27 ago. 2025. Revista Med. Trabalho

PALHARES‑ALVES, H. N. et al. Suicide among physicians in the state of São Paulo, Brazil, across one decade (2000‑2009). Revista Brasileira de Psiquiatria, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/SZNLDR9CgcsvfCs8jhZBNpx/?lang=en. Acesso em: 27 ago. 2025. SciELO

ZIMMERMANN, C. et al. Suicide rates among physicians compared with the general population. BMJ, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11337323/. Acesso em: 27 ago. 2025. PMC

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