25 ago Por que os médicos ainda têm tanto medo da tecnologia?
Artigo 4 min. de leitura
A tecnologia avança em todas as áreas e com a medicina não seria diferente. Ainda assim, muitos médicos resistem em adotar inovações. Por quê?
Como médica com mais de 30 anos de idade e filha de um médico formado há mais de 40, vejo de perto que essa resistência vai muito além do medo do novo. Ela envolve lacunas no letramento digital, diferenças geracionais, inseguranças jurídicas e a falta de clareza nas regulamentações.
O impacto do gap geracional
Para explicar esse ponto, compartilho um pouco da minha história com vocês.
Meu pai construiu sua carreira numa época em que o toque, a escuta e a caneta eram as únicas ferramentas. A consulta era manual, presencial, onde a relação médico-paciente acontecia exclusivamente naquele momento de troca humana — sem telas, sem distrações digitais. Era o médico, o paciente, um papel e uma caneta. Só isso.
Já a minha geração cresceu com a internet, mas ainda vive uma transição intensa. Estamos entre dois mundos: o da medicina tradicional e o da medicina digital. Mas hoje, muita coisa mudou: o paciente chega informado (e já com uma opinião), nem sempre está presencialmente com o médico, e um papel e caneta já não dão conta da complexidade dos atendimentos, nem da segurança necessária.
Por isso, não é raro ver colegas com enorme desconforto ao migrar para o prontuário eletrônico ou para a telemedicina. Não por falta de habilidade técnica, mas porque isso exige repensar completamente a forma como fomos formados.
O gap geracional não se resume a saber ou não usar um software ou um aplicativo. Ele toca em crenças profundas sobre o que é “ser médico”. É uma mudança de mentalidade — e não de ferramenta.
O medo do “ilegal” e a insegurança jurídica
Até pouco tempo atrás, a teleconsulta médica era ilegal no país. Muitos médicos temiam que fosse ilegal, que sua credibilidade fosse colocada em xeque. E esse medo fazia sentido. As regulamentações sempre caminham mais devagar que a tecnologia.
Foi só em caráter emergencial que começamos a ultrapassar essa barreira. Hoje, a telemedicina é legal, regulamentada e consolidada — já são mais de 5 anos desde sua aprovação formal no Brasil.
O medo é natural — a inércia, não
Sentir medo diante de algo novo é natural. Mas permanecer paralisado por ele é o que nos impede de evoluir. A tecnologia — especialmente a IA — não vem para nos substituir, mas para nos apoiar. Ela pode automatizar tarefas repetitivas, liberar nosso tempo e permitir que a gente se concentre no que realmente importa: o cuidado humano.
Você não será substituído pela tecnologia, mas quem sabe usá-la irá te substituir.
Como perder o medo da tecnologia? Algumas estratégias práticas:
- Teste antes de aplicar com pacientes: Muitas ferramentas digitais oferecem testes gratuitos. Use-as primeiro em consultas simuladas com familiares, amigos ou até sozinho. Isso reduz a ansiedade e aumenta a confiança.
- Atualize-se constantemente: As normas de 2007 não são mais válidas em 2025 e as de hoje certamente serão diferentes em 2030. A boa notícia? Hoje temos muito mais acesso à informação. Assine newsletters do CFM e de conselhos regionais para acompanhar mudanças regulatórias.
- Busque capacitação digital: Não se trata apenas de aprender a usar um software, mas de desenvolver habilidades e um novo olhar sobre o cuidado em saúde. Existem cursos rápidos, gratuitos e específicos para médicos.
- Converse com colegas mais adaptados: Trocar experiências com colegas que já usam tecnologia pode ser transformador. Você verá que muitos dos medos que tem hoje, outros já superaram — e estão colhendo os benefícios.
- Entenda que tecnologia é ferramenta, não fim: O que nos define como médicos é nossa escuta, ética e empatia. E nenhuma IA vai tirar isso de nós. Ao contrário: ela pode potencializar essas qualidades.
Ferramentas como a IA Escriba, por exemplo, já mostram como é possível otimizar tempo e melhorar a qualidade do atendimento sem comprometer a essência da medicina.
A evolução na saúde exige adaptação. Não se trata de abandonar o que aprendemos, mas de integrar o novo com responsabilidade, consciência e curiosidade.
O futuro já chegou. Cabe a nós decidir: vamos resistir a ele ou usá-lo para cuidar ainda melhor?
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